A nossa vida é o trabalho de um demiurgo malicioso que organiza a vida dos indivíduos em torno de um único sentimento: o da injustiça. Estamos todos conscientes de quanto a nossa vida é uma privação de liberdade e uma injustiça constante: o patrão que escolhe o seu horário de trabalho e que, além disso, ganha uma vida melhor do que nós, aquele das melhores escolas para quem toda a sua vida será marcada pela liberdade apenas pelo nome deste no seu curriculum vitae, aquele que pode viajar quando quiser e para onde quiser. No entanto, quando se trata de pensar no nosso lugar neste mundo, que é tão desigual e injusto como a agregação dos nossos sentimentos pessoais, somos confrontados com um espectáculo completamente diferente: o da cegueira. Neste discurso, Frédéric Cohen convida-nos a repensar as nossas relações sociais com o objectivo de vivermos mais felizes, percebendo que somos simultaneamente senhores e escravos do nosso vizinho.