SINOPSE DA PARTE I Esta é a primeira parte de uma série de volumes com o mesmo título, de uma obra autobiográfica na qual, a par do percurso pessoal da autora, ela pretende retratar situações e transformações sociais de vária ordem por ela testemunhadas. Nesta parte I a autora faz, no começo, uma breve incursão sobre a história dos seus antepassados. Do lado materno uns são migrantes internos, outros vindos de Espanha e marcados por algumas tragédias, como duas mortes: a do seu avô materno com a gripe espanhola, que teve como consequência o internamento da sua mãe num orfanato em condições sub-humanas e de um primo que não chegou a conhecer, oficial de marinha, falecido aos dezanove anos numa das revoluções ocorridas no período entre a implantação da República e o golpe militar de 1926. Do lado paterno há origens judaicas mal esclarecidas e os seus antecessores são pessoas letradas, num país com um grande índice de analfabetismo, com obras publicadas mas, especialmente a partir no seu avô paterno, que não conheceu, devido à sua morte prematura, indivíduos excêntricos e com alguns desiquilíbrios. Depois a autora descreve o que foi a sua infância e adolescência entre 1934 e 1950, numa época em que os modos de viver e os critérios de educação das crianças eram completamente diferentes dos atuais. Ela descreve as relações domésticas e sociais dessa época, que hoje nos parecem quase inacreditáveis, mas que eram as práticas correntes desses tempos. Com efeito a autora cresce no seio de uma família alargada de classe média baixa, afetada por vários fatores externos, como o regime então vigente e indiretamente pela Segunda Guerra Mundial. Esta família passa-lhe várias mensagens bastante contraditórias, a par de uma educação repressiva e castradora. O pai é um revoltado por natureza, opositor da ditadura num tempo em que essa atitude era muito perigosa, mas com alguns desvios comportamentais. Por sua vez a mãe, devido à educação recebida, é uma pessoa extremamente conservadora