Banco. Memória do jardim

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By Pedro Moreira Nt

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Todos pensam em dinheiro e guardados; penso em banco.
O que perdura ate desfalecer, cair sem quem mais não pode sustentar.
Aceitar a terra, o pó, o vento que nos leva. Voam os pecados, fazem malabarismos no ar. Por que deixar para trás o que vemos à nossa frente, se está. Presente em nós, na marca registrada do que somos.
Pega, segura. Algo ausente, não deixa partir.
Se a música governa suas lembranças como eram, como fossem o fundo da tela por onde pinta os teus retratos, e os faz tantas vezes. Sei bem. E tudo se revela e ao se desvelar à luz. E ao se apagar faz a fina corrente. Alma, eleva-se, e visto que sobe ao interminável e indistinto, atende. E foi por isso, por causa de nossas memórias, porque sem minha presença eu retomo a ti as minhas alegrias, o sentido delas, o que mais permanece do que voou.
Receba essa carta, esses escritos feitos de sua imagem e de sua falta, quanto mais.
E se a toco por remoer sentimentos, são eles que me mantêm ao desequilíbrio dos passos.
Nada mais sobra senão esse aconchego de banco, de ternura onde ao ar de sua voz descanso. Não há o que possa a ser dito sobre essa aflição do banco, de ternura que acena. Não há mais nada a ser mencionado sobre essa aflição do banco, a suavidade de sua voz. Ouço o seu corpo, que me encontra em seu abandono. Lâmina escassa, ranhuras que não cortam o tempo, nem cessam constante partida.
E se te amei, se amor ha em alguma fala, gesto. em um passar de alguém, eu tive. E por isso tenho. Amor, que me falta e me preenche, toca em mim o riso doce. E nem mais penso sobre o que foi. Vivo agora. Eu a beijo, a encontro. A perco. Volto a mim, como se buscasse o botão da blusa caída ao chão. Volto. Atrás não existem canções, danças. O jardim de pedras. Estão todos aqui, nesse instante. Amor.

Banco. Memória do jardim