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Se você já leu algum livro sobre peregrinações a Santiago de Compostela, prepare-se: nenhum é igual a este. Em Um Caminho Solo, Samantha Gilbert procura, sim, a paz interior e o crescimento pessoal e espiritual que movem todos os peregrinos, mas sua busca é também uma luta contra seus demônios. E ela os encara mesmo, a todo o instante. Do Rio de Janeiro ao fim do mundo, isto é, ao Cabo de Finisterra, último ponto de sua caminhada na Espanha, cada etapa do roteiro – com seus respectivos obstáculos e recompensas – mantém o fio da história bem nítido diante do leitor. Impossível resistir a uma estrutura narrativa tão sólida. E Samantha é, em si, uma ótima companhia de viagem. Sua primeira evidente qualidade é o senso de humor inteligente e iconoclasta. Outra de suas virtudes é a precisão instantânea com que descreve os andarilhos que encontra pelo caminho, todos muito diferentes uns dos outros. A galeria é vasta e sempre muito verdadeira. Esse olhar desassombrado – racional, agudo, urbano, culto, cosmopolita, autossuficiente e autoconfiante ao extremo – cobrou o seu preço. Ao partir rumo a Santiago, Samantha sente-se infeliz e desesperançosa. A peregrinação tem para ela três objetivos igualmente importantes e interligados. Um deles, físico, é controlar os desequilíbrios bioquímicos dentro do seu cérebro (os involuntários e os provocados). Nesse ponto, o livro é uma oportuna denúncia da presença excessiva da indústria farmacêutica em nossas vidas. O objetivo emocional é purgar as dolorosas decepções da vida até ali. O filosófico, ou espiritual, é dar um novo significado à liberdade que sempre teve. Ao longo da caminhada, seu corpo se supera, os sentidos se aguçam, e cresce nela a capacidade de ir além de si mesma. O sentimento de esperança se fortalece e contagia o leitor, revelando a profundidade que se esconde sob as camadas de humor e observação racional do mundo. Mas que transformação pessoal ainda é possível para alguém como Samantha, dona de uma consciência tão forte de tudo, de um senso crítico tão alerta e afiado? Samantha Gilbert é carioca nascida em 1971. Filha de mãe brasileira e pai inglês, já morou na Inglaterra, na Itália e nos EUA. É atriz, formada pelo curso profissionalizante da Cal e pela Faculdade de Artes Cênicas do Instituto Cal. Também atua como tradutora, intérprete e professora de inglês. Divide o tempo livre de que dispõe com um livro, quatro gatos gordos, meia garrafa de vinho e milhares de pensamentos sobre quem talvez seja. Quando não encontra nenhuma reposta, medita.