Ao longo da história, muito se especulou sobre Maria Madalena e surgiram teorias estranhas que a mencionam como parceira sentimental de Jesus. No entanto, há muito pouca informação escrita confiável sobre ela, que bravamente acompanhou o Senhor nos seus momentos mais difíceis (crucificação, morte e enterro).

Por um lado, sem dúvida, Maria Madalena é a primeira pessoa a ver o Jesus ressuscitado, que a tornou a principal testemunha, interlocutora e até mediadora do Senhor, e mesmo esse fenômeno lhe deu poder e autoridade sobre os apóstolos.

Note-se que Jesus ressuscitado preferiu aparecer primeiro a ela que aos outros discípulos, que estavam engajados em suas lutas de poder pela liderança da Igreja. Magistralmente, o Mestre ratificou sua posição de: a) defesa dos direitos humanos, b) reconhecimento de instituições, leis e méritos, c) dignidade do trabalho e d) não-deificação dos seres humanos.

E por outro lado, em um momento em que as mulheres eram marginalizadas e não podiam sequer prestar seu testemunho no tribunal, essa primeira aparição foi um grande problema para os seguidores de Jesus, sendo uma fonte de vergonha em uma cultura patriarcal e machista. Nesse sentido, os discípulos escolheram minimizar ou negar esse fato (os evangelistas Mateus e Lucas não nomeam Maria Madalena como a primeira testemunha da ressurreição, e Paulo ignorou esse evento em sua carta aos coríntios, indicando que Jesus apareceu primeiro a Pedro).

Além disso, Maria Madalena (uma das melhores discípulas do Senhor, e talvez a líder do grupo de mulheres que financiou seu movimento) foi menosprezada por ser mulher e também invejada por sua posição econômica e seus méritos, sendo vítima de uma campanha de difamação contra ela, que a associava injustamente a uma adúltera e a uma grande pecadora.

Embora tenha havido retificações da Igreja Católica nos anos de 1969 e 2016, e Maria Madalena é santa no mesmo grau que os outros apóstolos, ainda persistem preconceitos e uma imagem negativa falsa dela.