Ela não é jovem. Não é normal. Pouco comum vê-la sem reclamar, sem retornar ao estoque de suas maledicências. Frustrada ou feliz nos seus guardados. Está de passagem. Se pensar bem, veio da escola faz pouco e o pai a aguarda para definir o seu futuro com um feixe de finas cravas de taquara. De outra forma, cansada do que ainda não viveu, quem sabe tenha vivido. Espera em movimento. Carrega consigo as lembranças do que jamais aconteceu. E dos acontecimentos que não permitirá dessa vez, que aconteçam. Assumirá o papel que lhe entregaram. As notas na escola traçam o destino em cada folha de papel. É o visto e nada mais. Se for bem poderá sonhar um dia mais. E está bem desta vez. Quem sabe duvide que consiga, quem sabe, vai ver, que torça para que ela jamais retorne, que tudo em sonho seja verdade, e tudo em verdade jamais aconteceu. Pensará diferente toda vez que remoer seus sentimentos e deixá-los viver em palavras, em atos próprios. Permitirá que passe, sem que siga descaminhos. Ainda está em seu lugar o que sempre permaneceu. Tem idade para ser sua mãe, avó, ou a filha, a irmã sonhadora de vontades sempre desperdiçadas. E rir dela é meio que ultraje, um mal em si mesmo. Tal vez não, talve seja o riso uma alegria de prontidão diante de sua concessão.
Permita que siga, tropece nas linhas de um único parágrafo ou caia sobre suas vontades, e contenha a dor, guarde a alegria.