A partir de uma perspectiva comparativa, esta pesquisa trata das praticas testamentarias de mulheres habitantes no Reino de Portugal e no Estado do Maranh?o entre 1755 - 1822. O recorte temporal deve-se fundamentalmente ao incremento na produc?o e exportac?o de algod?o e arroz decorrente, em grande medida, da instalac?o da Companhia de Comercio do Gr?o-Para e Maranh?o, fato que motivou a vinda de portugueses oriundos de diversas partes para o Maranh?o, notadamente de Lisboa e regi?o Entre Douro e Minho, com destaque para o Porto, Braga, Guimar?es e Viana do Castelo. Desdobramento da tese de doutoramento "Senhoras Donas: economia, povoamento e vida material em terras maranhenses (1755 - 1822), interessa-nos agora aprofundar a investigac?o com um estudo comparativo entre mulheres do Reino e do Maranh?o, contemplando as situac?es e condic?es socio - economicas em que estavam inseridas, suas vivencias cotidianas, religiosidades e a composic?o, estrategias e formas de transmiss?o de seus bens, observando nesse rol a tipologia de seus patrimonios: escravarias, joias, imoveis etc.. O aporte teorico e metodologico da pesquisa assenta-se na Historia Economica em interface com a Historia das Mulheres, dentro da qual emergir?o as vivencias femininas que pretendemos examinar. O nucleo documental, constituido por 210 testamentos, trouxe indicac?es que possibilitaram vislumbrar vivencias, modos de vida e comportamentos. Nossa intenc?o final foi demonstrar como mulheres, de um lado e de outro do Atlantico, participaram da vida economica e social nos dois cenarios como senhoras donas de patrimonios e as aproximac?es e distanciamentos entre suas vivencias e assim, que os arquetipos femininos franzinos, entregues a reclus?o e ao silencio, metidas em quartos, cobertas pela vergonha de estranhos ou em histericos gritos de vontades mostram-se destoantes dos perfis emergidos naqueles documentos.