A literatura tradicional angolana assenta na transmissão oral de contos, provérbios, lendas e canções. Foi recolhida e registada em linguagem escrita por etnólogos amadores, em muitos casos missionários cristãos. As recolhas foram efectuadas antes da divulgação das máquinas de fixar imagens e sons. Não foi possível reproduzir as vozes os gestos, a mímica e a prosódia do narrador nem as reações da assistência. Ainda assim, encantam. Selecionei pouco mais de quatro dezenas de contos. A maioria deles foi publicada em papel oito anos atrás pela editora Europress, sob o título No Tempo do Caparandanda. Ao reescrever, procurei respeitar o fio das histórias, adaptando-as. Usei, aqui e além, da liberdade permitida aos contadores. Afinal, o ato de narrar foi sempre criativo. António Trabulo