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Chamam de pecador quem foge das regras, quem transgride mandamentos que ninguém entende direito ou que mudam conforme a época e o interesse da sociedade. Mas, pra mim, pecado é outra coisa. Pecado é se sabotar. É viver aquém do que poderia. É errar o alvo da própria vida — esse alvo que não é ser santo ou irrepreensível, mas ser feliz, crescer, aprender, ensinar, celebrar a vida, dar e ser inteiro naquilo que se é. Esse é o alvo, e errar esse alvo é pecar contra a autoestima, contra o amor-próprio, contra a coisa mais importante que existe: simplesmente viver bem.
É pecador quem se esquece de buscar o que o faz crescer como gente, quem se perde de si, quem vira escravo do medo, da culpa, do orgulho ou do vício em sofrer. Esse é o verdadeiro ato de pecar.
O mais curioso é que ninguém escolhe pecar — a maioria de nós nem percebe que decidiu ser um perdedor por escolha própria, e seguimos assim sem questionar. Seguimos errando o alvo dia após dia, sem consciência de que poderíamos dobrar a esquina e mudar a direção de nossas vidas, ou simplesmente voltar. Podemos recomeçar do zero, se quisermos. Mas a maioria ainda acredita que voltar seria um sinal de fracasso. Eu, porém, digo que falhar não é vergonhoso; falhar é um aviso que a vida nos dá, mostrando que não estamos na trilha certa — que é hora de parar, consultar o GPS da vida e recomeçar por um novo caminho.
Este livro é sobre gente — sobre nós. Porque, no fundo, todo mundo já errou o alvo e atirou na direção errada alguma vez. Erramos num alvo que deveria ser simples de acertar. Ser feliz, crescer, aprender, dar, receber, sentir a vida sem amarras: esse deveria ser o nosso alvo. Quando viramos escravos do medo, da culpa, do vício em sofrer ou do orgulho — esse é o nosso verdadeiro pecado. Ninguém acerta no alvo o tempo todo, mas podemos continuar tentando — sempre, novamente, mais uma vez, e de novo — até acertarmos o alvo e pararmos de pecar contra essa coisa linda que é a vida e o direito que temos de vivê-la bem, sem sentir culpa por finalmente conseguirmos ser felizes.
Cuidar-se não é pecado. Ter apreço por si, vestir-se bem, sentir-se bonito, não é pecado. Possuir uma casa confortável, ter saúde, um carro moderno, viajar despreocupadamente também não é pecado; tudo isso pode ser virtude, não vaidade vã — desde que o faça sentir mais vivo e menos escravo.
"Faz para si cobertas; veste-se de linho fino e de púrpura." (Provérbios 31:22)