(ou: um livro para quem sabe rir-se da desgraça com classe e um café escaldado na mão)

Neste livro — que é crónica, espelho e confissão, tudo ao mesmo tempo — Vasco D'Alma Costa despe o povo português com carinho e um leve toque de gozo, como quem tira a roupa a alguém que ama, mas não pode deixar de rir das meias com buracos.

Aqui dentro há de tudo: o despertador que é inimigo público número um, o perfume que sufoca elevadores, o IRS que nos envelhece dois anos por cada botão clicado, as festas de aldeia onde se dança com a barriga e se canta com o fígado. Há emigrantes que voltam com orgulho e cuecas novas, portugueses que votam como quem pede desculpa e outros que fogem da excelência como o diabo da cruz — mas depois choram com um golo do Cristiano Ronaldo em câmara lenta.

São textos que mordem mas não magoam, que abanam mas não derrubam. Crónicas que mostram como somos ridículos — ridículos na fila do Pingo Doce, no trânsito da A1, no drama do boletim de voto molhado pela chuva e pela dúvida existencial. Mas também como somos lindos. Porque ninguém resiste a um povo que ainda diz "bom dia" no elevador, mesmo que vá a morrer por dentro com o cheiro a Hugo Boss versão Hiroshima.

Este não é um livro para quem procura certezas.
É um livro para quem quer sentir. Para quem já se riu sozinho no carro, já se apaixonou num arraial, já fugiu de um compromisso com a desculpa do "estava sem rede".
É para os que têm orgulho em ser portugueses, mesmo que o país lhes encha a paciência e esvazie a carteira.

"Somos Todos Um Bocadinho Ridículos (e É Por Isso Que Somos Lindos)" não te vai ensinar a viver melhor.
Mas vai lembrar-te que, no meio do caos, das contas, da vergonha e do bagaço... ainda vale a pena ser de cá.

Porque isto, meus amigos, isto é Portugal.
E Portugal, quando se escreve com humor e amor, dá um livro como este.