Apresentamos aqui não apenas uma peça teatral, mas uma proposta de vida, uma celebração do conhecimento enraizado na terra, nos ventos, nas águas e nos sons que brotam da floresta. A Escola na Floresta, joia literária do escritor brasileiro João Calazans Filho, é mais que uma história encantada — é um convite para ressignificar o que entendemos por educar.

Ao trazer o cenário natural como espaço de aprendizagem, Calazans nos lembra que a escola não se limita a paredes, lousas e carteiras. A verdadeira escola pulsa onde houver escuta, diálogo, sensibilidade e curiosidade. Na floresta, cada folha vira uma página, cada canto de pássaro é uma poesia, cada pedra no chão é uma lição de equilíbrio e caminho.

Essa proposta tem um profundo valor pedagógico: ela nos convida a ampliar o conceito de alfabetização para além das letras e dos números — propondo também uma alfabetização ecológica, emocional e ética. Aprender na floresta é reaprender a viver. É descobrir que o saber não deve separar o ser humano da natureza, mas, ao contrário, reunir.

Como nos diz Mestre JEQUITIBÁ, um dos personagens mais simbólicos da peça:

— "A natureza também é professora."

E como toda boa professora, ela ensina pelo exemplo, com paciência, com silêncio, com beleza e verdade. Nesse cenário, a escola torna-se um território de esperança — um solo fértil onde as crianças aprendem com o corpo inteiro: com os olhos atentos, com as mãos curiosas, com os pés descalços e com o coração aberto.

Filosoficamente, A Escola na Floresta é uma obra que afirma a vida, a liberdade e a paz como pilares da existência humana. Em tempos de desconexão e distanciamento da essência, o autor nos oferece um retorno às origens, ao simples e ao essencial — mas com os olhos postos no futuro. João Calazans Filho acredita, com clareza e ternura, que as crianças são as sementes de um novo tempo. Elas trazem consigo a capacidade de renovar o mundo, curar feridas históricas e reencantar as relações humanas.

Por isso, esta peça não é só arte, é também manifesto. Um manifesto por uma escola mais afetiva, mais livre, mais conectada com a vida. Um manifesto por uma infância que brinque, que pense, que cante e que seja ouvida.

A Escola na Floresta soa como uma mensagem de paz e liberdade. É um sopro de vento nas velas da educação brasileira, apontando uma direção onde o aprender e o viver caminham juntos. É um canto de esperança plantado no coração de quem acredita que educar é, acima de tudo, um ato de amor.

E como toda joia rara, essa obra deve ser cuidada, compartilhada e multiplicada — nas escolas, nos palcos, nas praças, nas rodas de conversa e nos olhos atentos de cada criança que, um dia, vai crescer para mudar o mundo. Porque, como ensina a floresta: tudo o que é vivo se transforma. Tudo o que é bem cuidado floresce, e toda criança, se ouvida, floresce também.