Sign up to save your library
With an OverDrive account, you can save your favorite libraries for at-a-glance information about availability. Find out more about OverDrive accounts.
Find this title in Libby, the library reading app by OverDrive.

Search for a digital library with this title
Title found at these libraries:
Library Name | Distance |
---|---|
Loading... |
O tema da transparência é hoje dominante no discurso público. A corrupção e a liberdade estão longe de esgotar um debate que se cristalizou também em torno de episódios como o WikiLeaks e a formação de partidos "piratas".
De acordo com Byung-Chul Han, a obsessão com a transparência manifesta-se não quando se procura a confiança, mas precisamente quando esta desapareceu e a sociedade aposta na vigilância e no controlo.
Para o filósofo germano-coreano, as coisas tornam-se transparentes quando se exprimem através dos preços e se despojam da sua singularidade. A sociedade da transparência é o inferno do igual.
O Google e as diferentes redes sociais, que se apresentam como espaço de liberdade, tendem a converter-se num grande panótico, a penitenciária imaginada por Bentham no século XVIII, onde o vigilante pode observar a partir de um ponto central os prisioneiros isolados sem por eles ser visto. Os atuais habitantes do panótico digital tendem a sujeitar-se voluntaria- mente à transparência. Segundo Han, neste caso não existe nenhuma verdadeira comunidade, mas acumulações de egos incapazes de uma ação comum consistente. Os consumidores já não constituem um exterior capaz de pôr em causa o interior sistémico.
A vigilância não surge como ataque à liberdade, pois cada qual se lhe entrega voluntariamente, expondo-se ao olhar panótico, vítima e ator ao mesmo tempo.